
"Ele era um homem inigualável", comentou Bloom ao Estado, de sua casa, em Nova York, em entrevista realizada ontem, por telefone. "A literatura vai sentir muito sua falta." Para o crítico, o escritor português aproximava-se de Shakespeare por conta de sua versatilidade, trafegando com inteligência do drama à comédia. E, a partir da união de Saramago com a espanhola Pilar, Bloom - que organizou um livro sobre o ficcionista - identificou traços mais visíveis da paixão na prosa do ganhador do Nobel. "Houve maior exaltação do amor heterossexual", disse ele, na entrevista a seguir.
Qual é o principal legado de José Saramago, em sua opinião?
Eu o conheci há dez anos, quando estivemos juntos na Universidade de Coimbra e iniciamos uma troca de correspondência. Naquela época, eu já escrevera alguns ensaios entusiasmados sobre sua obra e o considerava um homem notável. Claro que houve o controverso período da ditadura de Antonio Salazar, quando ele foi acusado de se manter distante dos horrores daquele momento político. Na verdade, isso não me interessa - prefiro vê-lo como o escritor que deixou ao menos oito romances de grande qualidade. Trata-se de um feito raro. Em meu país, creio que Philip Roth tem, por enquanto, duas obras incomparáveis, assim como outros nomes talentosos: Thomas Pynchon também tem dois livros memoráveis, enquanto Don DeLillo e Cormac McCarthy despontam com apenas um cada. Volto a dizer, isso é notável. Saramago também era autor de textos bem-humorados, ao contrário do que atacavam seus críticos...
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